TEORIAS E ESCRITA DA HISTÓRIA


Diferentemente do Positivismo e do Marxismo, a Escola dos Annales não possui, exatamente, os elementos que constituem uma escola, rigidamente organizada e fechada estritamente em torno de uma convicção ou paradigma. Diante de tal afirmação e dos estudos realizados anteriormente, pode-se inferir:


O movimento dos Annales traz uma certa unidade em sua composição, mas não uma homogeneidade.


Os Annales não trazem nenhum tipo de coerência teórica e metodológica, embora reivindiquem por mudanças na historiografia.


O movimento dos Annales, embora não possua um caráter científico, é homogêneo em suas idéias.


Os Annales não puderam ser reconhecidos como uma “escola”, devido à ausência de uma teoria unificada.


A revista dos Annales não se caracterizou como uma publicação científica.

Observe com atenção a pintura abaixo:

Champaigne-Montmor-Reims.jpg

(Philippe de Champaigne, As crianças de Habert de Montmort, 1649. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Champaigne-Montmor-Reims.jpg>. Acesso em: ago.2017).

 

A tela do pintor francês Philippe de Champaigne representa a infância dos sete filhos da família de Henri-Louis Habert de Montmort. A idade das crianças varia entre 10 anos (o filho mais velho, primeiro à esquerda) a 08 meses (o mais novo, sentado ao centro). A pintura do século XVII é apontada por Phillipe Ariés como uma obra referência para o estudo do traje da época, que comprova o quanto a infância era então pouco particularizada na vida real.

Analisando a imagem é possível perceber que ela enfatiza uma importante característica da representação da infância nesse contexto, que é:


As crianças eram vestidas como adultos para ganhar algum respeito, já que inexistia o sentimento da infância.


Todas as crianças vestiam o mesmo tipo de traje, mantendo visíveis apenas as distinções de hierarquia social.


A criança era vista como um adulto em miniatura e era vestida aparentando homens e mulheres adultos.


Não havia distinção entre as crianças, meninos e meninas vestiam os mesmo trajes.


A percepção da criança como um ser diferente do adulto, com uso de trajes mais adequados à sua idade.

 “Há a considerar, também, o fato de que nenhum historiador pode, com segurança, utilizar-se dos resultados do trabalho do outro, como acontece nas ciências constituídas, pois não lhe é possível saber se foram obtidos por processos dignos de confiança. (...) Um historiador não deve nunca trabalhar com material de segunda mão. (...) Uma ciência tão complexa quanto a história, onde é preciso acumular ordinariamente milhões de fatos, antes que uma conclusão possa ser formulada, não pode edificar-se sobre este perpétuo recomeçar. (...) Para conseguir o processo da ciência devemos combinar os resultados de milhares de trabalhos de pormenor.” LANGLOIS, Ch. & SEIGNOBOS, Ch. Introdução aos Estudos Históricos. São Paulo: Renascença, 1946. O fragmento acima, da obra dos historiadores franceses, exemplifica a persistência e o cuidado com as fontes que têm os positivistas para se chegar à verdade. Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, o ofício do historiador nessa perspectiva historiográfica. 


O tempo presente do historiador e as questões que ele carrega são fundamentais.
 


O historiador deve ser imparcial e tem como tarefa enumerar, classificar e ordenar os documentos.


A diversidade do material a ser consultado é o que garante a credibilidade científica da pesquisa historiográfica.
 


A interdisciplinaridade como pressuposto básico para o entendimento dos documentos.


A capacidade de análise do historiador é o que qualifica o trabalho historiográfico.

Leia com atenção o texto abaixo:

A Idade Média é um período em que se vê, associada à predominância da fé, uma enorme credulidade geral. Acreditava-se em lendas fantásticas, no paraíso terrestre, na pedra filosofal, no elixir da vida eterna, em cidades todas de ouro, etc. Existem lendas sobre os mares estarem assolados por monstros, sobre a terra que terminava de forma súbita por ser plana etc. (BORGES, 1993, p. 24)

De acordo com a mentalidade medieval, assinale, abaixo, a alternativa que apresenta corretamente a historiografia desse período:


Os Estados Nacionais, em forma de monarquias absolutistas, encomendavam a escrita dos feitos heróicos de seus respectivos países.
 


A burguesia, grupo social em formação, se preocupou em relatar as atividades comerciais e a vida urbana.


A história, privilegiando a vida clerical e suas liturgias, era relatada quase que exclusivamente por clérigos que detinham o conhecimento da escrita e da leitura.
 


Os abades dos mosteiros se ocupavam da escrita dos relatos épicos da Antiguidade.
 


A vida dos camponeses era relatada por clérigos em crônicas ou anais que relatam curiosidades sobre o cotidiano dessa gente.

Veja, no trecho abaixo, como a historiadora Vavy P. Borges analisa a transição da Idade Média para a Idade Moderna:

Aos poucos isso tudo (o pensamento medieval) vai sendo substituído por um melhor conhecimento do globo, que a Europa vai descobrir e explorar. São publicados estudos de geografia, mapas, há uma renovação da visão do mundo como um todo e a história acaba refletindo essas alterações. (BORGES, 1993, p. 24)

Nesse sentido, a tendência formadora de história aponta para uma concepção: 


não teológica da história.


psicológica da história.


materialista da história.


teológica da história.


positivista da história.

Sabe-se que alguns elementos constituem a matéria prima de uma determinada ciência como, por exemplo, os números são a matéria prima da matemática. Nesse sentido, pode-se afirmar que são dimensões inerentes de análise da história:


A literatura e a geografia.


Os documentos oficiais e a estatística.


Os vestígios arqueológicos e os documentos oficiais.


As grandes obras e os grandes acontecimentos.


O tempo e o espaço.

“Em história, todas as conclusões são provisórias, pois podem ser aprofundadas e revistas por trabalhos posteriores.” (BORGES, 1980, p. 66) De acordo com a afirmação da historiadora, pode-se inferir que toda produção historiográfica deve ser entendida como:


uma verdade absoluta.


uma interpretação de fatos.


uma incerteza.


uma manipulação.


uma suposição.

Leia com atenção:

“Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua livre escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado”. (MARX, Karl. O 18 Brumário de Luis Bonaparte. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 7).

 

A História é uma disciplina que está em constante transformação, pois seu objeto de estudo são as ações humanas ao longo do tempo. Considerando que a compreensão do conhecimento histórico está relacionada a alguns conceitos importantes para seu estudo, analise as afirmativas a seguir:

 

I – Para o grego Heródoto, considerado o pai da História, o objetivo da história é produzir um discurso ou relato verdadeiro dos fatos, separando-o dos mitos, lendas e fábulas.
II – Uma das matérias-primas do historiador são as fontes, que são quaisquer vestígios deixados pelas gerações passadas, como registros escritos, arqueológicos, fotográficos, testemunhos orais, literatura, práticas culturais, etc.
III – Os sujeitos históricos são aqueles responsáveis pelas transformações na sociedade, nesse sentido, a História deve privilegiar somente o estudo dos grandes homens e dos grandes acontecimentos.
IV – A história como ciência deve alcançar a objetividade e a imparcialidade, buscando a verdade sobre o passado e revelando-o como realmente aconteceu.

 

É correto o que se afirma em:


II e III apenas.


I e II apenas.


III e IV apenas.


I, II e IV apenas.


I, II, III e IV.

Leia com atenção:

Na historiografia, o conceito de mentalidades passou a designar as atitudes mentais de uma sociedade, os valores, o sentimento, o imaginário, os medos, o que se considera verdade, ou seja, todas as atividades inconscientes de determinada época. As mentalidades são aqueles elementos culturais e de pensamento inseridos no cotidiano, que os indivíduos não percebem. Ela é a estrutura que está por trás tanto dos fatos quanto das ideologias ou dos imaginários de uma sociedade. (SILVA, Kalina Vanderlei. (Mentalidades. In: Dicionário de Conceitos Históricos. São Paulo: Contexto, 2009, p. 279).

 

Sobre o conceito de mentalidades desenvolvido pela historiografia dos Annales, é possível afirmar que:

 

I. Fundamenta-se na longa duração e na busca das permanências.

II. Baseia-se no tempo curto e na mudança repentina dos acontecimentos.

III. Enfatiza os aspectos econômicos e materiais da sociedade.

IV. Valoriza as análises psicológicos e os comportamentos mentais coletivos.

 

É correto apenas o que se afirma em:


I, II e III.


I, III e IV.


II e III.


I e II.


I e IV.

A chamada "terceira geração dos Annales" lançou, na década de 70, uma nova proposta teórico-metodológica intitulada “história das mentalidades” que passou a ser alvo de inúmeras críticas que até se opunham em relação às argumentações.

Sobre as críticas às mentalidades, analise as afirmativas a seguir:

I - privilegia as análises antropológicas e a estagnação das estruturas na longa duração.

II - analisa o mental de sociedades passadas à luz da racionalidade contemporânea.

III - dedica-se ao estudo das estruturas socioeconômicas e as condições materiais do ambiente.

 É correto o que se afirma em:


I e II apenas.


I apenas.


I e III apenas.


I, II e III.


III apenas.

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